Entrevistamos a Juanjo Sánchez, CEO de Capital Energy, sobre la iniciativa "Energía Positiva"
Entrevistámos a Juanjo Sánchez, CEO da Capital Energy que nos explica a iniciativa “Energia Positiva” na qual participam como empresa promotora juntamente com outras companhias do setor energético, e cujo objetivo é contribuir para a recuperação económica e social do nosso país após a crise provocada pela COVID19. O CEO da Capital Energy fala-nos do futuro da energia e do propósito da empresa que passa por dar um contributo decisivo para a Transição Ecológica e Justa da economia e da sociedade, com uma aposta forte na inovação e no talento.
Quais são os principais objetivos da Energia Positiva?
A Energia Positiva é um projeto conjunto, entre várias empresas do setor, que visa contribuir para a recuperação económica e social do nosso país após a crise sanitária, social e económica provocada pela Covid-19, através do apoio a projetos inovadores de startups e scaleups relacionados com mobilidade sustentável, descarbonização e sustentabilidade, impacto social, digitalização e 4.0 para que lhes possam dar início imediatamente e, assim, contribuir para mitigar os efeitos económicos e sociais da situação atual.
Pode contar-nos como começou esta iniciativa que foi também promovida por grandes empresas do setor energético como: Enegás. Red Eléctrica, CLH, Iberdrola, BP, EIT InnoEnergy, Acciona e grupo DISA?
A iniciativa surge como uma chamada à ação por parte das principais empresas do setor energético do nosso país à qual nos quisemos juntar. Nas últimas semanas, todos nós sofremos o impacto, em maior ou menor grau, da situação e creio que houve um sentimento geral para nos mobilizarmos e fazermos algo, cada um na medida das nossas capacidades, para acrescentar e contribuir de alguma forma para aliviar esta crise sanitária e social sem precedentes. Contribuir, ajudar... Isto é a origem desta iniciativa que se concretizou em poucos dias e deu lugar à criação desta plataforma pioneira em Espanha que procura fazer face a esta crise através da inovação.
Quantos projetos foram recebidos dos empreendedores? Quais foram os critérios de seleção? Por que escolheram a startup Liight?
A iniciativa foi extremamente bem recebida. Após o lançamento da convocatória urgente no passado dia 7 de abril e, em apenas 13 dias, a plataforma Energia Positiva + recebeu 396 propostas de startups e scaleups.
De entre todas elas, numa primeira instância, foram selecionados 14 projetos para participarem num Demo Day. Estes tinham diferentes graus de maturidade e trajetória e abordavam inovações interessantes em descarbonização, energias renováveis, eficiência energética, armazenamento, mobilidade sustentável e economia circular.
Por exemplo, entre as propostas selecionadas, havia uma solução para impulsionar a geração de energia renovável através de plataformas eólicas flutuantes. Havia também uma tecnologia de armazenamento para permitir uma maior penetração das renováveis no mix energético, mas também havia projetos de inovação para enfrentar o futuro laboral mais imediato para muitas empresas após a crise sanitária vivida, como, por exemplo, um túnel para desinfeção ecológica ou dispositivos para limpar o ar de vírus e bactérias através da geração de plasma atmosférico.
Mas estas 14 empresas não serão necessariamente as únicas a celebrar acordos de colaboração. As empresas continuaram a reunir-se com estas e outras que não foram selecionadas inicialmente para o Demo Day.
No nosso caso, estamos interessados em várias startups com as quais estamos a conversar para tentar fechar um acordo em breve com, pelo menos, uma delas. No Demo Day, adorámos, por exemplo, a proposta da Liight, uma startup que desenvolveu uma aplicação que, através de técnicas de gamificação, “rastreia” diferentes atividades sustentáveis (ex.: reciclagem, passeio de bicicleta, utilização do transporte público, etc.) pelas quais os utilizadores obtêm pontos conhecidos como “lights”. Estas lights permitem competir em diferentes desafios e obter recompensas resgatáveis. É um ângulo que consideramos interessante e com grande potencial para promover o comportamento sustentável dos cidadãos e das empresas, verdadeiros motores da necessária transformação do nosso modelo económico e social para um modelo de prosperidade e crescimento que apenas pode ser sustentável.
Entre as que não compareceram no Demo Day, encontramos também muitas startups e ideias interessantes com as quais estamos a equacionar possíveis acordos. É o caso, por exemplo, da Voltaware, uma plataforma de análise de dados “white label” baseada num algoritmo de machine learning que processa as informações elétricas, melhorando o conforto e a segurança do lar e permitindo uma melhor gestão da fatura da eletricidade.
O objetivo agora é que, a partir de junho, as startups/scaleups com as quais se chegue a acordo comecem a trabalhar para desenvolver e implementar as suas soluções no prazo de um ano, obedecendo ao calendário estabelecido.
Alguns dos desafios da nossa sociedade, hoje ainda mais nesta crise sanitária provocada pelo coronavírus, são o cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade. Como vê o futuro da energia pós-COVID?
A energia é, sem dúvida, um dos pilares sobre os quais basear o modelo de crescimento pós-Covid. Os nossos padrões de produção e consumo de energia determinam em grande medida o nosso modelo de crescimento económico. E os nossos padrões atuais não são adequados. Estão no centro de alguns dos desafios mais importantes que a humanidade enfrenta, como a poluição local e as alterações climáticas. Se as estratégias de saída da crise da Covid-19 não tiverem em conta estes fatores, será uma falsa partida, com um grande impacto negativo nas nossas vidas, de muitos pontos de vista, não apenas ambiental: sanitário, económico, segurança, etc. Além disso, apesar do pouco tempo em que estamos a viver e a combater esta pandemia, já foram desenvolvidos estudos que ligam, por exemplo, uma maior disseminação do vírus em áreas com altos índices de poluição local.
A estratégia de saída da crise da Covid-19 deve basear-se numa profunda transformação do nosso modelo de energia para um modelo totalmente sustentável, que acelere a adoção de tecnologias de geração baixas em carbono, como as renováveis, e que aproveite ao máximo as novas tecnologias e a digitalização para maximizar a eficiência e assegurar mais e melhores serviços aos consumidores finais, que passarão a situar-se no centro do quadro energético.
O cuidado com o ambiente é um dos aspetos que aprendemos a valorizar ainda mais, se possível, nestas semanas, como um bem necessário para a nossa saúde e a nossa vida. Também por dias nos surpreendemos ao lermos notícias sobre a melhoria dos níveis locais de poluição na atmosfera de muitas das grandes cidades, que viram desaparecer esse “capacete de poluição”, permitindo-nos ver mais além, as montanhas da serra que antes não se viam ou um céu noturno com mais estrelas do que nunca. Estes aspetos contribuíram para intensificar os debates necessários sobre a importância de começar, após estas semanas de confinamento e reflexão, a olhar para uma energia mais sustentável. E, neste sentido, as energias renováveis têm muitas vantagens, porque não são apenas tecnologias que não poluem; muitas são igualmente já tecnologias baratas e tecnologias cuja instalação e operação podem gerar emprego e riqueza de forma muito distribuída, contribuindo para a recuperação da prosperidade naquilo que se passou a denominar a Espanha “esvaziada”.
A sustentabilidade faz parte do ADN da Capital Energy desde o início, quando a empresa foi criada em 2002 num contexto em que faltavam ainda alguns anos para vivermos o boom das renováveis. Mas a direção da empresa sempre teve a ideia clara de que o futuro tinha de andar de mãos dadas com as energias renováveis.
De que forma a Capital Energy planeia entrar no processo de consolidação do setor energético pós-Covid?
O nosso propósito como empresa passa por contribuir de forma decisiva para a Transição Ecológica e Justa da nossa economia e sociedade, apostando na inovação e no talento. Fruto de um forte empenho por parte da empresa, desde o seu início, em contribuir para a transformação do sistema energético, a Capital Energy conta hoje com uma das maiores plataformas de projetos de energia eólica e fotovoltaica em desenvolvimento e estudo do Mercado Ibérico. As energias renováveis são a chave para o novo modelo energético e para competirmos eficazmente neste ambiente a longo prazo, estamos envolvidos num plano de ação para nos convertermos numa empresa integrada em toda a cadeia de valor da geração renovável e do armazenamento de energia: promoção, construção, geração e operação e, em breve, comercialização. Queremos ser a primeira elétrica integrada 100% renovável, levando aos nossos clientes finais a energia renovável que nós próprios desenvolvemos e exploramos.
Quais os critérios que as empresas do setor energético espanhol teriam de cumprir, após esta crise, para continuarem a ser um modelo de desenvolvimento de energia sustentável/renovável?
As empresas de energia devem ser totalmente escrupulosas no respeito e preservação do ambiente, socialmente responsáveis e serem regidas pelos mais elevados padrões de governo corporativo, se quisermos ser o exemplo e o motor do novo modelo de crescimento e prosperidade.
A energia é um pilar capital deste modelo e as empresas do setor devem estar à altura. Não se trata apenas de desenvolver renováveis. Trata-se de garantir que os novos desenvolvimentos se realizam tendo em conta os potenciais impactos ambientais, sociais e económicos sobre os territórios, trata-se de contribuir quando a situação e a sociedade o exigem, trata-se de funcionar de forma transparente e honesta com todas as nossas partes interessadas.
Quais são as áreas da sustentabilidade nas quais o setor energético tem um maior impacto e às quais se deve dar uma maior atenção no curto/médio prazo?
O setor energético deve, por um lado, procurar prestar um melhor serviço ao cliente final, com menor consumo de energia e, por outro lado, que o consumo de energia resultante seja fornecido da forma mais sustentável possível.
No curto prazo, a substituição de tecnologias poluentes de geração de eletricidade por tecnologias renováveis competitivas é provavelmente a via mais económica que gera um impacto mais tangível em termos de sustentabilidade. Mas também há um longo caminho a percorrer em termos de eficiência energética e eletrificação dos setores de consumo final.
À medida que a eletricidade que geramos se tornar mais renovável, deveremos acompanhá-la com novas soluções de gestionabilidade, como o armazenamento de energia ou a gestão ativa da procura.
Mas uma eletricidade mais renovável e maiores percentagens de eletrificação provavelmente não serão suficientes no longo prazo devido à difícil eletrificação de alguns consumos finais. Aqui, vetores como o hidrogénio, produzido a partir de fontes renováveis, devem desempenhar um papel de liderança.
De qualquer forma, embora algumas destas tecnologias como o armazenamento de energia ou o hidrogénio verde não tenham um impacto diferencial no curtíssimo prazo, se queremos que o tenham no médio ou longo prazo, é necessário começar a agir já. Na Capital Energy, há já algum tempo que trabalhamos em projetos únicos inovadores neste domínio, preparando o caminho para a nossa diversificação tecnológica e para dar um contributo diferencial no modelo energético dos territórios onde operamos.
Qual é a importância da comunicação das vossas iniciativas responsáveis para a vossa entidade e como trabalham isso?
Tal como referíamos anteriormente, no âmbito do nosso propósito como empresa, temos a missão de contribuir de forma decisiva para a Transição Ecológica e Justa da nossa economia e sociedade, conciliando o objetivo da descarbonização através das energias renováveis com os interesses locais onde se localizam os nossos projetos. Para tal, realizamos uma gestão responsável e sustentável do nosso modelo de negócio, integrando os aspetos económicos, ambientais e sociais, promovemos o desenvolvimento do talento e a inovação e contribuímos com um valor diferencial em toda a cadeia de valor das renováveis através de uma abordagem integrada.
Para além das iniciativas que temos vindo a desenvolver, face à situação excecional provocada pela Covid-19, a Capital Energy mobilizou-se, apoiando iniciativas de diferentes dimensões que permitiram mitigar o impacto social e na saúde, um aspeto também muito valorizado pelos nossos colaboradores.
Especificamente, além de nos envolvermos no projeto Energia Positiva+, a empresa doou 12.000 máscaras, 400 fatos, óculos cirúrgicos e gel hidro-alcoólico a diferentes organizações de saúde, como Hospital La Paz, Hospital General Villalba, Hospital Quirón Madrid e HUCA de Oviedo, e também doou 73 camas hospitalares ao Hospital Gregorio Marañón e ao Hospital Clínico San Carlos. Também estamos a colaborar com o projeto de inovação Ennomotive, uma iniciativa sem fins lucrativos para desenvolver o OxyVita, um ventilador de baixo custo.